quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Uma lembrança leva a outra, que puxa mais uma...

...E, agora que toda casa dorme e só eu permaneço, repensando sobre todas as conversas, as colocoções, o que foi interpretado positivamente e o que não foi compreendido por inteiro nesses últimos dias, me veio a mente uma  estrofe de Chico Buarque:
"Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu,
A gente ESTANCOU DE REPENTE, ou foi o Mundo então que cresceu?
A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega Roda Viva
E carrega o destino, pra lá...
Roda Mundo, Roda Gigante, Roda Moinho, Roda Peão,
O TEMPO RODOU NUM INSTANTE NAS VOLTAS DO MEU CORAÇÃO"

Na verdade, nem sei bem o porque ter vindo essa estrofe tão profunda na minha cabeça, mas como vivo tendo a convicção que nada é por acaso, embora tenha evitado demais julgamentos, transformei ou estou transformando esse conceito, me colocando, por sugestão de Augusto Cury em um de seus livros, como expectadora em várias atitudes de ataque e de defesa das pessoas, de empolgação e de decepção, de certezas tão equívocas que pensamos que realmente são convicções formadas.Depois, muito depois, constatamos o quanto estávamos confundindo necessidade de auto afirmação com orgulho ferido, com radicalidade, como falta de maturidade pura e simples, que nos leva a caminhos tão diferentes do que nossa essência nos levaria e, digo nós, porque durante a minha observação enquanto espectadora,  também me coloco em foco na observação, sendo muito real e detalhista e, muitas vezes já reagi como uma adolescente possessiva e ofendida, simplesmente por não gostar de algum pequeno detalhe na atitude de quem me cerca, pois são os detalhes, são sempre onde se apegam os que estão sem argumentos e tem necessidade de se impor. Por muitos anos, descrevi esse como um traço de minha personalidade, afirmando que "coisas grandes não me pegavam, porém os detalhes me afrontavam". Aprendi, depois de mais de 50 anos qu essa era apenas uma das minhas formas de defesa, pois o detalhe sempre estava atrelado a uma situação que me desagradava, ofendida ou frustrada. Hoje não tenho mais dúvida alguma sobre isso e nem nenhum constrangimento em admitir quanto tempo perdi acreditando realmente no que colocava como parte de minha sensibilidade, numa tentativa,mais uma, de mostrar a minha Força perante todas as situações e justificar meu abatimento face a algumas.

A conversação no lar, depois de momentos prolongados de silêncio, podem ser muito produtivas e positivas,  mesmo se não forem tão agradáveis e até sem necessidade aparente, acontecem para harmonizar e trazer de volta um equilíbrio tão particular e necessário que nós, como uma família muito unida e devotada uns aos outros, muitas e muitas vezes "engolimos" em nome de um bem maior e, quando percebemos que não há bem maior do que a verdade e a sinceridade que somente a convivência e a privacidade dos envolvidos deve ser levada em consideração. Nos consideramos intrusos dentro de nosso próprio ambiente de convívio, com pessoas que literalmente são parte nossa, por medo, unicamente medo de ouvirmos "a vida é minha e faço o que quiser com ela". Sabemos que não é assim. E,então, porque, tantas e tantas vezes nos calamos para não piorar a situação...Há situação pior do que ver uma pessoa tão especial e amada, com quem convivemos todos os dias e conhecemos a fundo, ser manipulado, criticado e humilhado e ficarmos calados, ou ainda pior, darmos uma risadinha depois de ouvir "era brincadeirinha", quando fomos testemunhas visuais e oculares de que ninguém estava brincando e sim "demarcando seu terreno"? Acho que como Mães, por vezes somos um tanto quanto covardes depois que nossos filhos crescem e nós envelhecemos... Temos medo de perder a presença deles e então fechamos a nossas bocas, porém nunca nossos olhos e nossos ouvidos, embora possamos até fingir que fizemos isso. Estamos tão erradas...Devemos ser como sempre fomos, desde quando eles eram crianças e mostrávamos o certo e o errado, sem obrigar a eles a concordar conosco, mas com nossa habilidade de Mãe, eles sempre acabavam por acreditar nas verdades sobre o certo e o errado. Nunca fui uma Mãe possessiva, não mesmo...Meus filhos que depois que cresceram e passaram calmamente pela adolescência, tornaram-se muito possessivos a meu respeito. Eu tinha que os acompanhar aos lugares mais inusitados possíveis e sempre fui e me diverti muito. Foram anos assim. Fomos admirados por muitos e respeitados por todos! Aí então, começaram a entrar em nosso convívio pessoas estranhas e difíceis e aí as coisas começaram a mudar, o que seria natural se não interferissem como interferiram muito no nosso jeito único e adorável de viver nossas vidas. Ai, comecei a engulir todos os sapos, cobras e lagartos, porém no calar, porque sou muito transparente e quando não gostava de alguma postura ou tratamento, me calava, mas meu olhar, para os meus, com certeza, diziam mais do que duas mil palavras. Mas, como permaneci neutra em muitas situações, o campo ia se abrindo mais e mais ... até chegar a situações completamente irremediáveis, como a que estamos vivendo agora.
Não me sinto cansada por calar, porém me sinto aliviada por ter aprendido a lição:


"Como se fosse BRINCADEIRA DE RODA...MEMÓRIA!"













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