segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cárcere

De repente bate forte demais o eco interior...Eco? Como assim? O Eco geralmente origina-se ou se propaga em grandes espaços, altos, fundos e vazios...
Então é isso... O imenso vazio interior, no qual não fazemos parte de nada, mesmo estando cercados por muitas pessoas, pessoas importantes e queridas...Mesmo tendo mil questões para encaminhar, coisas importantes a resolver, só conseguimos ouvir o Eco de nossos Pensamentos e Questionamentos.
Mas porque estou usando "nós", quando na verdade isso está acontecendo comigo? Não tenho a mínima idéia se acontece com outros indivíduos, mas talvez seja um consolo pensar que não sou a unica e seria muita soberba de minha parte achar que só acontece comigo, então compartilho usando o nós...Que questionamento mais infame esse meu, mas talvez seja um bom sinal, pois me traz a percepção consciente que não estou só nesse nosso mundo.
Não é boa a sensação que sinto...onde me situo? No vazio de onde? 
Interior sim, mas porque? Por várias e por nenhuma razão. A impressão que tenho é que me coloquei no centro de meu interior e comecei a colocar tijolo por tijolo e, assim, criando um lugar de proteção...mera ilusão. O que fiz, sem me dar conta, foi construir um cárcere interno, dentro dele mesmo e agora, para sair, preciso tirar todos esses tijolos e não tenho a mínima idéia por onde começar...Será que há uma ordem a seguir para desmontá-lo, assim como houve, deve ter havido, uma ordem certa para construi-lo? Porque desperdicei tanta energia fazendo isso, sem me dar conta que nada me protege de mim??? 
Questionar agora adianta? Não, realmente acho que não. Tenho um trabalho duro e cansativo, diria até "braçal" a realizar e, enquanto faço isso, vou pensando, divagando, questionando. Talvez com isso possa chegar em alguma explicação plausível para essa necessidade estérica que tive, de me proteger dos problemas ou das neuroses e medos talvez, criando algo muito pior que me deixou estagnada em meus dias, não querendo e nem tendo vontade de realizar nada, nem tão pouco de pensar em nada que acontece fora desse espaço onde só existiu o Eco dos meus pensamentos e, depois, foi piorando e piorando, até chegar a um ponto quase enlouquecedor, pois não haviam mais pensamentos e, o único eco era o do silêncio, porém o silêncio não ecoa...Então, até onde cheguei? Ao nada novamente...Meu inconsciente me venceu mais uma vez, trazendo sintomas físicos e somente através desses sintomas pude identificar a patologia maior...Doído demais esse processo. Identificar que talvez tenha chegado a esse ponto para me esconder de mim mesma. Porque? Por que estou profundamente insatisfeita comigo e não sei como mudar isso, então o melhor é me esconder de mim. Parece insanidade? Não é...É a minha realidade desnudada depois de descoberta e colocada completamente nua e crua para que todos saibam que podemos chegar a esse tipo de postura, simplesmente para não encararmos nossos medos, nossas frustrações, nossas insatisfações, únicas e particulares. Não estou feliz comigo mesma e me censuro por isso, mas ao mesmo tempo acho que sou a vítima desse processo e então tenho que ser mais condescendente comigo mesma, mas poderia ter sido mais forte, mais prática e aí a culpa se estabelece e o processo vai tornando-se uma bola de neve. Quando dei por mim, senti nitidamente que estou sozinha, dentro de um cárcere que construí para me proteger ou me esconder de mim, porque não me sinto capaz de encarar a minha Metamorfose com naturalidade, porque queria poder não precisar passar por ela. Levei anos da minha vida me posturando e criando um brilho próprio, que sempre foi reconhecido e respeitado, mesmo pelos que me odiavam, pois tinha o timbre impresso da minha batalha honesta e justa para conquistá-lo. De repente é um outro momento. A vida me exige isso...e eu não queria...Mas é  o caminho natural das coisas!!! Mas eu não queria... Então fui me escondendo e me escondendo e o processo de transformação rolando solto, porque ninguém controla a natureza quando ela segue seu curso. Me escondi até onde pude, em tantos cantos obscuros, em tantas patologias e sintomas, em tanta oscilação e medo, sem me dar conta que a natureza continuava a seguir seu curso e meu inconsciente me apresentava saídas fantasiosas e eu, pobre de mim, na esperança que poderia talvez pelo menos me guardar um pouquinho dessa transformação, abraçando essas fantasias... Até chegar ao Silêncio total...Ao isolamento quase que completo...Quais são os grandes obstáculos que me prendem dentro dos portões de minha casa? Nada que eu não conheça tanto e tão bem: o mundo, a vida...Porque então tanto medo de me expor, tanta vergonha de repente passar mal se puser o pé pra fora? Justo eu que sempre fui tão corajosa e sempre me atirei na vida? Falta de aceitação...de que? De meu novo eu...Será que vou me acostumar com esse novo eu? Será que ele terá um brilho ou será opaco, pois o tempo de brilhar já se foi? Mas, construí meu cárcere sozinha e quem será que me transformará por inteiro? O destino? Não, pois sei que esse também sou eu que escrevo, ou pelo menos são minhas decisões que o lavram no meu Livro, na Minha História. Só depende de mim. Então, essa mudança, essa transformação toda, essa total Metamorfose, só eu posso controlar ou decidir e estou decidindo pelo caminho mais difícil possível, porque? Para me punir??? Não acredito...todas as culpas que identifiquei em minha vida, já reconheci e procurei assumir e me redimir...Medo??? Ouvi de quem tem me ajudado demais a enfrentar esse tempo, que por vezes nos acomodamos no Medo e sabe que acho que essa pode ser uma possibilidade, pois até agora não tinha reconhecido o processo por inteiro. Querendo ou não, a Metamorfose está em plena atividade, então porque me colocar a revelia e dificultar o processo?  Não sei bem como mudar isso mas sei que só depende de mim. Agora tive essa certeza. Então qual será o primeiro passo? Só me ocorre uma frase:
"...IMAGINA QUEM TEM O DOM DE SE LANÇAR, 
SEM OLHAR.."
                                  Dani Gurgel




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